Olá,
Para começar o ano 2014 aqui fica o link duma entrevista sobre a realidade da Maquilhagem Profissional em Portugal.
Mais adiante virão outras entrevistas com outros artistas, esta foi só para abrir as "hostes" :
Entrevista:
O que é a trueCOLOURSmakeup?
-A trueCOLOURSmakeup é, acima de tudo, um conceito nascido em 2008 que resultou dum projecto de duas maquilhadoras portuguesas que visavam, primordialmente, responder às necessidades emergentes que se têm registado em Portugal, não só na àrea de formação em maquilhagem, como, consequentemente, na pratica desta actividade integrada no universo dos audiovisuais.
Que necessidades?
-é do conhecimento geral que a maquilhagem está sempre presente onde h á fotografia, onde há vídeo, onde há alta definição. Onde há imagem humana a tratar, inclusivamente nas produções de cinema ...
-Quem lida, de alguma forma, com maquilhagem profissional, tem que estar consciente de que a maquilhagem não se pode dissociar da iluminação, por exemplo, da leitura de cada plano, das limitações físicas .
Por exemplo:
Num palco a iluminação pode alterar completamente o efeito pretendido com a maquilhagem:
Uma luz azul sobre uma maquilhagem azul pode transforma-la involuntariamente num preto, por ex. Ou uma maquilhagem de morto poderá ficar imperceptível se não for iluminada com luz verde ou azul…
Um envelhecimento pode pedir tecnicas diferentes de acordo com a leitura do objecto. Ou seja, se for para cinema, o uso de latex será imprescindível , mas se for para palco onde não há leitura, esta tecnica poderá resultar imperceptível e o ideal será recorrer à tecnica de sombras, por ex….
A iluminação correcta durante a execução do trabalho de maquilhagem é fundamental para garantir a credibilidade do resultado final.
E essa consciencia deveria estar presente, não só no profissional de maquilhagem, como também nos profissionais cujo resultado do seu trabalho pode, nitidamente, estar condicionado pelo desempenho do maquilhador.
Ou seja, o fotógrafo, o realizador, o director de fotografia, o electricista, o operador de câmara, o produtor, o encenador, etc etc etc ….
O facto é que isto não se regista, ou raramente se regista em Portugal!
Já me puseram a maquilhar à luz do luar debaixo candeeiro de rua, por ex.onde a iluminação é tão ténue que consequentemente maquilhei por intuição- enão era uma situação tão fácil assim, pois toda a equipa (inclusive os actores )estavam com um grande escaldão (estavamos há dias a filmar na praia) e eu tinha que corrigir a tez da actriz com verde , para a neutralizar! Por acaso consegui, mas acredito que foi por acaso!
O trabalho do maquilhador é visto como um serviço quase prescindível.
Quando é necessário, é visto como um factor menor que fica bem, mas sem se perceber muito bem como nem porquê … mas que parece fácil e que qualquer pessoa que tenha algum jeito faz!
E, não é bem assim…
Maquilhagem é um trabalho técnico que exige consciencia total e concreta do que se está a fazer para que o resultado seja desejável.
Qualquer um faz, mas por esse prisma, qualquer um pega numa camara e fotográfa ou filma… ou quaquer um que tenha algum jeito, faz umas ligações electricas e ilumina um set… a questão é quão medíocre será o resultado geral do trabalho!
A eficácia do trabalho de maquilhagem, apesar de imprescindível, por vezes é tão subtil que pode passar despercebido. O que o delega, muitas vezes , para 2º plano.
E isto, aliado à ignorânia académica por parte dos outros departamentos , reflete-se na falta de condições de trabalho a que o maquilhador tem que se sujeitar em produções nacionais.
E porque é que isto não acontece em Portugal?
Na minha optica, isto acontece em Portugal, logo na formação académica dos profissionais dos audiovisuais.
Pelo que sei, as verbas são distribuidas irmamente por todas as faculdades.
Obviamente uma faculdade de cinema e teatro têm necessidades diferentes e muito mais exigentes, em termos de despesas, que uma faculdade de letras, por exemplo, não tem!
Para além dos materiais serem caríssimos, os trabalhos finais dos alunos, por vezes, exigem locações de equipas completas .
As faculdades vêm-se obrigadas a cortar despesas , e onde é que escolhem cortar? Nas cadeirasque lhes parecem prescindíveis. O departamento de arte, por exemplo, onde a caracterização está integrada.Não há dinheiro para pagar a professores de maquilhagem!
Portanto, estes profissionais saem da faculdade sem terem sequer noção real do que é , e de quais as verdadeiras necessidades dum departamento de caracterização, porque nunca tiveram qualquer contacto, sequer .
Ao contrario do que acontece ns faculdades de cinema doutros países.
Isto é um dos motivos, e o queme parece ser o principal: a falta de consciencia, ou igorância sobre o departamento de caracterização ou maquilhagem.
Outro dos grandes motivos é o facto da produção cinematografica em portugal se basear essencialmente no chamado “cinema de guerrilha”, onde tudo tem que acontecer sem dinheiro para tal, o que resulta, por vezes , na falta de coisas básicas, como um cadeira de maquilhagem , ou espelhos iluminados para as locações ….
Que deveria fazer parte das lista de produção e, na verdade, na maioria das vezes tem que ser o proprio maquilhador a adquirir e levar este material para poder trabalhar convenientemente, porque pura e simplesmente, na maioria das vezes as produtoras não têm .
E digo eu, que não têm porque nem sequer têm consciência que este material é uma necessidade real…
E como a trueCOLOURSmakeup pretende responder a estas necessidades?
Achámos que esta realidade naõ irira mudar brevemente, daí que uma das coisas com que nos preocupámos foi em introduzir noções básicas de cinema, num nível mais avançado da formação em maquilhagem(ao que chamámos grau II), precisamente para preparar os nossos maquilhadores para esta realidade e ajuda-los a integrar-se numa equipa de cinema.
Damos relevo à importância de conhecer a linguagem usada num set, conhecer a divisão de departamentos e o lugar de cada um numa rodagem, ter noções dos planos e o grau de exigencia que cada um representa para o caracterizador.
Por outro lado, e porque nem só de cinema vive um maquilhador, preocupámo-nos em introduzir nas nossas formações básicas (Grau I), uma fase prática, em estudio fotográfico a que chamámos estágio académico, com o bjectivo de preparar o maquilhador para o mundo real, fora da oficina, onde o formando poderá ter uma noção do que o espera lá fora, e onde poderá ir buscar auto-confiança, na medida em que desmistifica o desconhecido, conhecendo de perto o que é um trabalho de fotografia profissional.
Outro ponto que achamos forte nas nossas formações é a introdução de Aulas de Penteados, com um oficial de Cabeleireiro que ensina penteados básicos que frequentemente acompanham maquilhagens de Moda, por ex.
E a grande aposta está connosco desde o inicio, é a alta tecnoclogia na maquilhagem que se traduz na aplicação de maquilhagem com téncnica de Airbrushing, onde a maquilhagem é pulveirzada criando um efeito único de naturalidade e perfeição perante a alta definição das câmaras.
Em Portugal ainda não está muito difundido embora se preveja que será o futuro da maquilhagem.
Podemos afirmar que todos os nossos maquilhadores, mesmo os que ficaram pelo básico, tem noções desta tecnica.
O mudou desde 2008?
Sim, houve mudanças.
Hoje, este conceito está inserido numa entidade Certificada pela direcção Geral do Trabalho (DGERT) conhecida por Competencias Formação Profissional e Desenvolvimento por Excelencia, da qual muito nos orgulhamos.
